quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dia 16 – Samara – Acampamento Selvagem Cazaquistão 1

Saímos do Hotel Oásis em Samara a pensar que o pequeno almoço não tinha sido grande coisa. Mal sabíamos que seria a última coisa que comeríamos antes do jantar…
A passagem da fronteira russo-cazaque começou muito bem, do lado russo, graças a um jovem oficial que tinha aprendido inglês no instituto desde criança e que, consequentemente, falava o inglês mais perfeito que encontramos em solo russo. Apetecia-nos abraçar o rapaz. Simpático, educado e muito interessado na nossa viagem. Quem nos dera que todos os outros oficiais fossem assim.
Do lado cazaque da mesma fronteira reinava a confusão e a anarquia. Os utilizadores da fronteira não eram admitidos por ordem de chegada, mas sim, segundo a vontade do militar que controlava a cancela. Como é bom de ver, isso dava lugar ao livre arbítrio e a prioridades esquisitas para cidadãos cazaquistaneses e para russos a bordo de carros de gama alta. Além de tudo isto, os camiões e os autocarros tinham prioridade legal sobre nós, pelo que, a espera foi longa.


(Quadros de informação em russo e apenas em russo eram de pouca serventia ao nosso grupo. Supostamente, pelo que nos foi dito, estes quadros indicavam o modo de preenchimento correcto dos papéis que necessitavamos preencher para passar a fronteira)

(Werner a verificar um ruído na roda direita que surgiu ainda antes da fronteira entre a Rússia e o Cazaquistão)

Ao chegar ao penúltimo de 4 pontos de controlo dentro da metade cazaque da fronteira, solicitaram a exibição de um seguro do veículo válido no Cazaquistão, seguro esse, que, deveria ser obtido 200 metros após a fronteira. Então, por sugestão do guarda, um dos elementos da comitiva portuguesa, teve de entrar ilegalmente no país para ir adquirir o seguro e tratar de outros documentos. Os contentores e barracões a 200 metros da fronteira faziam-nos sentir que estávamos a ser vítimas de extorsão, já que, o nosso veículo já tinha extensão territorial para a Rússia, Cazaquistão e Mongólia. No entanto, o pensamento positivo e foco no objectivo, fizeram com que relevássemos determinadas atitudes e não partíssemos os contentores ao pontapé.

Ao fim de 7 horas e alguns minutos, todos os elementos da expedição tinham ultrapassado as burocracias russas e cazaques e estávamos a pisar solo independente, desde 1991, da república do Cazaquistão. Fomos dar de beber ao Adamastor a 74 escudos por litro… Sim, é verdade, a moeda do Cazaquistão equivale, neste momento, aproximadamente, ao nosso escudo, portanto 1 litro de diesel, custaria 0,37 cêntimos. Um luxo!!

(segurança de bomba de gasolina armado de metralhadora)





Chegados ao local de acampamento, foram tomadas as providências para que tivéssemos a comida pronta o mais cedo possível. Enquanto esperávamos que o Chef Pedro Afonso preparasse um belo repasto, avistávamos, ao longe, as aldeias vizinhas, mas pouco vizinhas, já que não ouvimos nenhum som, durante a noite, que de lá viesse. Os poucos Cazaques que estavam de regresso a casa cumprimentavam-nos ao passar, fosse com a buzina ou acenando, pensando com os seus botões: “Grandes malucos, foram acampar no sítio com mais gafanhotos cá da terra!”. Graças à abundância de insectos, os grilos quiseram presentear-nos com um concerto à luz das estrelas e da lua. O cansaço, depois da “seca” na fronteira, era grande, pelo que não conseguimos acompanhar o espectáculo dos vizinhos grilos até ao fim.
O jantar foi unanimemente aplaudido pelos presentes, sendo que, alguns, consideraram até que a fasquia tinha sido demasiado elevada, de tal modo que, os próximos cozinheiros poder-se-iam sentir pressionados.


Samara (RUS) – Fronteira Cazaquistão (KZ)
Kms percorridos no Dia 16 – 791km
Kms acumulados da viagem – 7257km


3 comentários:

  1. vou sentir a vossa falta, já k vos sigo diariamente... resta-me desejar um resto de boa viagem. beijinhos

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  2. Aguardo, pacienetemente por notícias.
    Bjs

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  3. Retidos por 2 dias num hotel casaque com o Adamastor avariado, hein? Espero que desta vez seja mais fácil de resolver do que foi arranjar o parafuso entre a Letónia e a Rússia... Beijinhos!

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