segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dia 17 – Queres Cazaque comigo?

Acordamos cedinho do nosso primeiro acampamento selvagem em território Cazaquistanês, o terceiro acampamento selvagem desde o início da nossa viagem. Eram 7 da manhã e já deglutíamos uns Weetabix com leite e um sumo de ananás. Que saudável esta vida no campo!
(Para futura referência, M é a casa de banho dos homens. Neste caso, era apenas um buraco no chão.)

Pusemo-nos à estrada e fomos constatando que o Cazaquistão é uma versão do Alentejo, mas em ponto grande… algo seco, com pastos de cabras e ovelhas, muito quente e de uma imensidão impressionante.

Numa secção bastante monótona do trajecto, uma estátua de uma águia dourada chamou-nos à atenção. Parámos e fomos ver de que se tratava. A estátua estava localizada num monte de terra que se elevava acima da planura circundante. Por este motivo, um pastor cazaque tinha escolhido este ponto para controlar o seu rebanho. Fomos lá tentar estabelecer contacto, mas o cão que o acompanhava era demasiado protector, tendo rosnado violentamente em resposta à nossa aproximação. Ao regressar, vimos na estrada um carro descaracterizado com um polícia lá dentro. Saindo da viatura, dirigiu-se a nós e abordou-nos no sentido de saber quem éramos, de onde vínhamos, para onde íamos e o que estávamos ali a fazer. Presumimos que a fama do Chefe Pedro Afonso já corre nos boatos cá da terra, pelo que, devem ter pensado que íamos assaltar o pastor para arranjar um cabrito para o jantar.



Chegados ao waypoint combinado para o almoço, comemos a partir do carro da Kudu umas míseras sandes de tomate, pimento e ovo. A lição aprendida foi: “Temos mesmo de comprar um fogão de campismo!”

Arrancamos, de seguida, em direcção à vila de Zhympity onde tomamos café e alguns dos motociclos abasteceram. Durante o café, a beleza ocidental da nossa companheira Xaninha fez furor. Marat, um cazaque de 38 anos, sentou-se na nossa mesa, apresentou-se, deu o seu número de telefone e pediu à Alexandra que fizesse o mesmo. Roçou o dedo anelar no sentido de questionar se havia algum compromisso assumido. Ficou extremamente agradado ao receber uma resposta animadora. Mostrou-nos o dedo anelar dele, demonstrando que também não era comprometido. O amor não tem barreiras linguísticas, porque apesar de ele não falar inglês, nem nós falarmos russo, compreendemos perfeitamente que, se ele pudesse, teria dito: “Queres Cazaque comigo?”

(Marat o Pinga-Amor Cazaque)

O calor apertava nesse dia. Os fidalgos portugueses tinham sempre o seu ar condicionado ligado, pelo que um dia sem tomar banho não se tornava um grande problema. O mesmo não se podia dizer em relação aos motards que suavam em bica o dia inteiro e seria o segundo dia de campismo selvagem, ou seja, nada de chuveiro!

Para manter uma atmosfera respirável entre o grupo, a organização procurou um local para acamparmos com um riacho.

Chegados ao local escolhido, já ao entardecer, corremos todos a dar um bom mergulho. Alguns aproveitaram mesmo para mergulhar vestidos de forma a tomar banho e lavar a roupa ao mesmo tempo. Conceitos higiénicos diferentes!

Ao fundo avistava-se uma grande massa de nuvens e uma coluna de chuva. Montamos as tendas em 2 segundos e ficamos em silêncio a ver o belo espectáculo que a natureza nos proporcionava. Trovoada ao pôr-do-sol, um cenário com cores impossíveis de captar com uma lente de máquina fotográfica.

Depois de uma breve chuvada, que ouvimos relaxadamente a bater nas tendas, o céu clareou e estava na hora de fazer o jantar.



Era a vez do Steve e da Sandra. Mais uma vez, os Kuduro deveriam querer que mantivéssemos a linha. Como ingredientes disponíveis tinham batatas, alho, cenoura, feijões, e um pouco de carne picada que tinha sobrado da bolonhesa da primeira noite de campismo. Ora com esta extensa variedade a Sandra saiu-se bastante bem. Batatas guisadas a acompanhar com a carne estufada com os feijões e cenoura. Muito bom. Pena não ter chegado para saciar os mais famintos.



Tudo se desculpava pois a estepe cazaque é realmente fantástica e estava toda a gente feliz por a poder contemplar. Bebemos uma cerveja e demos 2 dedos de conversa agradável.

Os mosquitos começaram a apoderar-se de nós e por isso, recolhemo-nos para as tendas.








(Pedro a experimentar a sensação de montar uma Tenere)





(cozinheiros ingleses no acampamento)

Fronteira Cazaquistão (KZ) - Aktobe (KZ)
Kms percorridos no Dia 17 – 435km
Kms acumulados da viagem – 7692km


1 comentário:

  1. A verdade é que a beleza não tem barreiras e uma princesa é-o em qualquer ponto do planeta.
    E afinal em que ficamos Carochinha? Não vais trazer contigo "um mongol de estimação" como brincava a Joana, pois não?
    Beijos e saudades.

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