quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia 10 – Protocol… or No Protocol…

Começamos o dia bem cedo, apesar de este ser um dia descontraído, visto que, apenas necessitamos fazer cerca de 300kms desde Vilnius na Lituânia até à capital da Letónia, Riga.


O pequeno-almoço já indicia que os hábitos alimentares se vão alterar daqui para a frente. Alguns items que julgamos serem dados adquiridos num pequeno-almoço continental estavam ausentes, sendo substituídos por iguarias locais, tais como ovos mexidos com alho e um tipo de vegetal que não conseguimos identificar mas que pensamos ser um tipo de couve, bem como, uma receita local feita com muitas claras de ovo e uma farinha para dar corpo.

O mecânico da expedição, muito gentil e atencioso, quis dar uma olhada ao Adamastor logo após o pequeno-almoço. É bom encontrar pessoas que gostam daquilo que fazem. O Werner gosta mesmo daquilo que faz. Vê-lo a dirigir-se ao Adamastor com um brilho nos olhos fez-nos lembrar a alegria de uma criança ao correr para um escorrega. Após alguns segundos debaixo da viatura, confirmou aquilo que suspeitávamos, além de mudar o óleo, necessitamos também de lubrificar os eixos dianteiros e traseiros. Tirou também um bom quarto de kilo de terra e folhas de árvore da zona anterior à admissão ao filtro de ar. Além disto, e mais importante do que tudo o resto, o Werner descobriu que na roda dianteira direita estava em falta um dos 4 parafusos (e a respectiva porca) que segura o apoio da roda aos tirantes da suspensão. Quanto ao barulho que tínhamos sentido no escape, disse-nos para estarmos tranquilos. O veio da transmissão também foi inspeccionado e teve luz verde por parte do Werner. No final, recomendou-nos que fossemos o mais rápido possível para Riga, para irmos à oficina Toyota local, no sentido de arranjar o parafuso que está em falta. Fomos à Internet pesquisar as Oficinas Toyota, indo seguidamente ao Google Earth buscar as coordenadas GPS das Oficinas. Introduzimos 2 coordenadas diferentes (não vá o diabo tecê-las e uma delas ter fechado) e fizemo-nos à estrada.

Na estrada entre Vilnius e Riga, mesmo à saída da primeira, passamos ao lado uma oficina Toyota chamada MotoToja. Sem hesitar, voltamos atrás e tentamos resolver o problema logo ali. Fomos cordialmente atendidos pelo Sr. Rimantas Krisiunas que falava um inglês tão fluente quanto o nosso (hehehehe) o que permitiu que nos entendêssemos na perfeição. Explicamos o que era pretendido. O amigo Rimantas queria agendar o serviço para o dia seguinte visto não ter mecânicos disponíveis naquele momento. Concretizamos a nossa situação, que éramos portugueses, que estávamos de passagem, que íamos para Riga hoje mesmo, e que não poderíamos esperar um dia. Ele sugeriu então que fizéssemos a assistência em Riga, tratando ele próprio telefonicamente da marcação. Sendo cautelosos, devido às dificuldades de encontrar peças disponíveis, falamos também com o Sr. Danielis Steckevicius da secção de peças, menos amistoso e comunicativo do que o Sr. Rimantas, mas igualmente eficiente e objectivo. Infelizmente, o Sr. Danielis informou-nos que a peça que pretendíamos não estava disponível na Lituânia, tendo posteriormente ligado para o concessionário de Riga que confirmou também a indisponibilidade da peça na Letónia. Informou-nos de que tempo de espera previsto seria de 48 horas.

Aproveitando uma deslocação do Sr. Rimantas a junto de um cliente sentado na sala de espera (longe dos seus colegas de trabalho), fizemos uma interpelação ao bom estilo português/brasileiro para assegurar que não havia nada que pudéssemos fazer para aumentar a disponibilidade da oficina em reparar a nossa viatura. O sr. Rimantas sorriu e disse que não podia fazer nada, realçando que queria mesmo poder ajudar, mas que era impossível por haver falta de pessoal. Confirmamos assim, neste caso, que, efectivamente, a Lituânia será mais aproximada dos standards europeus do que dos procedimentos russos, não havendo a possibilidade de utilizar a via do “No protocol!”. Bola para a frente, e siga para Riga.

Chegamos a Riga e dirigimo-nos ao concessionário Toyota WESS Motor de onde estamos a publicar este post (mitrando um pouco do Wi-Fi deles).
Fomos aqui atendidos por um jovem letão que ao início se mostrava muito frio e seco, mas que, com o desenrolar da conversa, e quando tomou conhecimento de que éramos Portugueses, tinhamos vindo de Portugal e que íamos para a Mongólia, começou a dar alguns sorrisos e a fazer tudo por tudo para resolver o nosso problema.
Fomos consultar as peças necessárias para resolver o problema e segundo a base de dados havia 2 informações preocupantes:
1) a WESS Motor não tinha em stock as peças necessárias (informação que já tinhamos desde Vilnius)
2) as peças só chegariam no Sábado (dia 12) ao meio dia e demorariam 5 horas a realizar o trabalho, pelo que, não seria possível realizar a reparação devido a indisponibilidade mão-de-obra.
Perante este cenário, o nosso novo amigo letão chamou o chefe da oficina para dar uma olhadela no Adamastor.

O chefe de oficina, olhou, voltou a olhar, e com um ar sério vocalizou uns sons esquisitos ao jovem letão. O jovem letão afirmou-nos em inglês que o chefe de oficina havia dito que não havia problema em circular com apenas 3 parafusos na roda, salientou ainda que não podíamos voar, mas que a andar normalmente, em princípio não teríamos problemas. Tentamos fazer passar a ideia de que não íamos propriamente andar em auto-estradas e que as estradas Cazques e Mongóis são mais parecidos com caminhos do que com estradas. Eles anuiram que sim, mas mesmo assim, mantiveram que apenas 3 parafusos eram suficientes.
Deixamos então aqui o nosso repto aos engenheiros da Toyota:
Para quê o 4º parafuso? Se funciona bem só com 3, poupavam uns cobres a mais em cada carro vendido.
Enfim, não nos sentimos à vontade com esta situação, e, sendo que, precaução e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, começamos já a realizar contactos com Moscovo para encomendar a peça por forma a que, quando lá chegarmos, a peça esteja disponível no concessionário Toyota.











Vilnius (LT) – Riga (LV)

4 comentários:

  1. E fizeram muito bem... Se aí é difícil obter a peça, imaginem mais para a frente!

    Continuação de boa viagem!
    Marco

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  2. É isso mesmo! Como em tempos um sábio viajante disse "O que se quer é comer e beber!" E se aí não há huevos con bacon, pelo menos há huevos...
    Não se esqueçam que uma das principais actividades na Letónia é a pesca, particularmente do arenque e do BACALHAU, pelo que a Xaninha entendeu não haver necessidade de pagar excesso de bagagem para atender ao vosso pedido. Façam à brás que é mais prático e os bifes vão gostar. Juízo, sim? Beijo

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  3. priminho,

    um parafuso a menos nunca fez mal a ninguém!!!!em todos os aspectos! beijo e continuação de bom sonho*******


    tania

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  4. Grandes Malucos! Quem me dera estar convosco, deve ser 1 viagem fantástica!

    Desejo que corra tudo bem e que se divirtam!

    Abraço,

    Reinaldo Teixeira

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