quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dia 15 – Mosquito Blues à Caçador

O jantar do dia anterior já fazia indicar uma noite de suplício. As únicas partes dos nossos corpos que ficavam a descoberto (cara e mãos) eram bombardeadas por mosquitos ferozes. Breves momentos de distracção bastavam para sentir uma ferroada incrível que doía por longos minutos.

Ao acordar tudo se confirmou!! Bolhas enormes na cara, mãos inchadas e uma coceira aguda com tendência para piorar ao longo do dia. Uns pareciam extraterrestres, outros com papeira e ainda outros com varicela.

O reduzido pequeno-almoço só fez aumentar a má disposição, mas o dia era longo (tínhamos de recuperar os Km’s do dia anterior) e não havia tempo para pensar em mais nada. Tínhamos Samara e um banho de chuveiro no pensamento.

Com a Xaninha aos comandos do Adamastor, fomos passando por aldeias pequenas salpicadas de pequenos mercados de rua e assadores a lenha preparando o almoço. Inspirados pelo cheiro e carregados de sonolência matinal, parámos para tentar despertar com um café quentinho.

À medida que avançamos para o interior da Rússia, o leque de estabelecimentos capazes de oferecer um serviço de cafetaria é cada vez mais reduzido pelo que não podemos ser esquisitos… parámos no primeiro que aparentava estrutura e limpeza suficientes.

Toda a comitiva entrou e pediu café sem leite (não vale a pena tentar o expresso, já ninguém sabe o que isso é). Passados longos minutos, lá apareceram 7 chávenas grandes, lascadas e com flores antigas. Vinham cheias de um café escuro de saco e com o açúcar já incluído. Teríamos também a oportunidade de finalmente ter acesso a uma casa de banho sem ser ao ar livre. Algo que se revelou surpreendente, dado que de facto, eles tinham uma sanita, mas, como têm o hábito de fazer “à caçador”, emparedaram-na para não ferir susceptibilidades. Ideia que não seria nada normal na mentalidade ocidental. Queixando-nos deste facto, mal nós sabíamos que melhor que isto seria impossível nos próximos dias!!
Retomada a viagem, as estradas revelam-se cada vez mais longas e difíceis.
Aproveitamos a hora do almoço para espalhar a Língua Portuguesa e o dialecto Molelês.



Ainda era bem de dia quando chegamos a Samara. Depois de um banho rápido, toda a comitiva parecia querer desistir e dar por encerrado o dia. Mas os três Marialvas não iam deixar passar a oportunidade de conhecer o centro da cidade.
Fizemos a mesma pergunta a todos os que íamos encontrando pelo caminho - “Wanna come?!?” - mas só conseguimos angariar o Jamie e o Arno(aqueles que nunca falham, grande espirito!!).

Apanhar um táxi foi o desafio seguinte. A ideia era pedir à recepcionista do Hotel Oásis para telefonar a um destes amigos!! Mas a tarefa revelou-se bastante mais complicada do que inicialmente parecia indicar. Tentámos todas as linguagens: Inglês, Português, Alemão, Pictionary….Gestual!! A senhora parecia apática. Ao longo da nossa viagem já obtivemos vários tipos de resposta às nossas tentativas de interacção (Indiferença, Fuga, Irritação, Alegria, Histeria...) mas nunca apatia completa. A recepcionista estava como que bloqueada. Apetecia carregar-lhe na testa e fazer reboot ao sistema. Depois de mais uns 15 minutos de vazio mental telefonou a alguém e, sem grande esperança no resultado de todo aquele esforço, dirigimo-nos para o exterior.
Passados uns bons 20 minutos lá apareceu um Dácia (Renault Logan para os locais) com um inconfundível taxista lá dentro. Negociámos a entrada dos cinco elementos no veiculo e partimos rumo ao restaurante que (mais uma vez) o guia Lonely Planete do Jamie nos recomendara.
Mais uma vez se confirmaram as boas indicações dadas pelo guia (fica registada a recomendação – em futuras viagens este é uma publicação a adquirir!) e jantamos com base nas sugestões da empregada de mesa que nos atendeu e voltamos a gostar de tudo o que provamos.

O momento mais divertido do jantar acabou por acontecer quando a conversa recaiu no modo como cada um dos viajantes relatava o evoluir da viagem aos familiares e amigos. Uns ouviam avisos de segurança, outros desabafavam receber incompreensão do outro lado do telefone, mas a confissão mais comum foi a de que se tentava cingir o relato das incidências da viagem às partes mais agradáveis. Mas não o Arno. Esse afirmou: “eu digo absolutamente tudo à minha esposa….(hesitação)…bem tudo, menos sobre os almoços do Kudu e sobre os Portugueses!!”.


Para poderem partilhar connosco algumas das nossas angustias durante esta viagem, reproduzimos o rótulo de uma garrafa de água que se encontrava à venda numa estação de serviço. Pedimo-vos que enviem comentários com a vossa opinião sobre se a água é com gás ou sem gás.



Penza (RUS) – Samara (RUS)
Kms percorridos no Dia 15 – 182km
Kms acumulados da viagem – 6466km


3 comentários:

  1. com gás|!!! infelizmente sofri do mesmo problema nas minhas duas viagens de comboio pela europa!!
    Força primo!!!***

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  2. Pela foto aposto na água com gás.
    Nada de stress meus queridos, assim é muito mais interessante. Carochinha, mantém a tua calma. Divirtam-se, beijos

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  3. é fácil! com a garrafa ainda por abrir (de preferência ainda na prateleira antes de comprar) apertas o plástico. se oferecer demasiada resistência é com gás. se for mais maleável é sem gás... coisa que deve ser rara por essas bandas. Nada como abrir a garrafa e agitar até o gás sair!!!! Mas não se queixem enquanto tiverem água ENGARRAFADA!!!

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