Dia 30 - Portuguese do it better!!

Tendo no pensamento os 5 dias de acampamento (“selvagem”) que tínhamos pela frente fizemos questão de tomar um demorado banho matinal. Tão demorado que chegamos atrasados ao pequeno-almoço dos Kudu e já não tivemos direito a nada.

No dia anterior o mecânico Werner passou boa parte da tarde de descanso a colocar os parafusos na roda dianteira do Adamastor e por isso queria assegurar que tudo estava bem. Conduziu-nos até à saída da cidade e deu o seu veredicto: “You have a chance of making it, just dont push it too hard”!! Concluímos imediatamente que a única forma de cumprir com aquela recumendação seria colocar o volante nas mãos sensíveis e ponderadas do elemento feminino da expedição. Xaninha conduziu toda a manhã por caminhos de terra batida com aspecto cada vez mais arenoso. 

Tudo parecia bem. Os barulhos metálicos vindos da parte dianteira do HDJ80 tinham desaparecido, o grupo estava unido e cumpria os tempos de paragem. A confiança crescia em todos, especialmente dentro do Adamastor e na sua condutora. Por tudo isto, nada fazia prever o que se seguiu.

Numa mudança repentina de piso (que passou a ser de muita gravilha) a parte traseira do jipe começou a deslisar. Estávamos numa curva bastante apertada pelo que era urgente reequilibrar a máquina. Numa manobra como “contra brecagem”, Xandinha, fez rabejar o monstro por 3 vezes, conseguindo assim mante-lo dentro dos limites do estreito caminho. No final do susto (e de uma curta paragem para respirar) Xaninha recebeu o merecido aplauso pela forma como nos retirou daquele apuro. É de elogiar a calma, ao mesmo tempo que constitui um exemplo para todo esses mulherio que insiste em girar o volante sempre na mesma direcção (com as consequências que se conhecem).

A viagem continuou por terrenos difíceis mas sem mais sobressaltos. A paisagem era muito agradável e vários animais surgiam de um e do outro lado da estrada. Cavalos, vacas, camelos, cabras, ovelhas, águias e uma espécie curiosa aparentada com a família dos abutres.

A dada altura encontramos as ossadas de um camelo que jaziam no meio da estrada como que simbolizando a dureza das paragens por onde passávamos.

Paramos para almoçar a ementa habitual (sandes) no sítio do costume (bomba de combustível) e arrancamos para mais 280Km de condução. Alcançado o último Way Point do dia o Macaco da Frente insistia em galgar km’s até encontrar um rio onde acampar. Por insistência dos portugueses lá acabou por perguntar a um nativo qual a distância até ao curso de água seguinte. Centenas de quilómetros, foi o que se depreendeu da resposta e acabamos assim por acampar poucos quilómetros depois.

Ora, o que fora acordado no dia anterior foi que, os 3 do Adamastor, cozinhariam mais uma vez durante a expedição mas que esse dia não seria ainda este. Certo é que, ao iniciar a montagem das tendas, fomos abordados por um Werner nervoso e com um discurso confuso. A percepção com que ficamos foi a de que no jipe da organização (Kudu) já não existia mais comida (ou, pelo menos, a que existia era exactamente igual à do dia anterior) e “forçar” as portugueses a antecipar o dia de cozinhar era a única solução.

Não nos atrapalhamos!! Rapidamente retirámos o frango e as natas que tínhamos no frigorífico e preparamos Strogonoff com cogumelos e esparguete. Completamos com uma omelete de queijo (para os vegetarianos) e servimos tudo ainda antes do pôr do sol.

De barriga composta, começamos a tratar da alma. Uma boa conversa, debaixo de um céu estrelado límpido…

 

(nestes montes de pedras os transeuntes deverão colocar 9 pedras e dar 3 voltas para terem boa sorte nas suas viagens)

(entre os elementos da comitiva discutiam-se os resultados do mundial de futebol. Os ingleses gozavam dos portugueses por terem perdido com os espanhois por 1-0. Os tugas replicaram com o resultado de 4-1 entre Alemanha e Inglaterra)

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