segunda-feira, 5 de julho de 2010

Dia 28 - Cow Parade!



(Xaninha feliz a regressar do espaço verde)



Rodeados de uma paisagem que nos enchia de paz, belíssima, mítica e encantadora, acordamos neste dia, mais cedo do que era desejável. Porquê? Porque a fronteira Mongol fecha durante a hora de almoço e queríamos passar a fronteira antes dessa altura. O acordar foi então às 5:45 da manhã. Ninguém toma pequeno-almoço sem antes desmontar a tenda. Pequeno-almoço às 6:15. Partida às 7 da matina.
Pelo caminho a paisagem ia lentamente mudando, deixando para trás as imponentes montanhas.
As estradas eram bastante movimentadas, tendo o Adamastor de fazer vários desvios e travagens para não embater nos bovinos transeuntes.

Chegados à fronteira, preparamo-nos psicologicamente para longas horas de espera. A fronteira russo-mongol está, graças a Deus, muito melhor equipada do que as fronteiras russo-cazaques. As fronteiras russo-cazaques não estavam providas de casas de banho. Devido aos tempos de espera longos nas fronteiras, havia sempre alguém com vontade de aliviar-se. Na ausência de casas de banho, tínhamos de aguentar até passar a fronteira (7 horas e meia) e então, aí sim, ir até ao matinho aliviar a bexiga. Na fronteira russo-mongol têm até 2 casas de banho separadas, encostadas uma à outra, onde podemos desfrutar de peep-show para a casa de banho do lado, tal como as fotos documentam.



Às 11 horas estávamos na fronteira alinhados à espera de ser atendidos. No primeiro ponto, o immigration check-in, estava um russo, de feições já bem típicas das montanhas de Altai, que escreveu num computador os nossos dados. Pormenor de classe é que o computador não estava ligado em rede. Ou seja, este é apenas um registo formal. As pessoas que nos vão receber no ponto seguinte da fronteira voltam a começar de novo do ponto zero.



Será certamente de interesse referir que no ponto seguinte de controle da fronteira fomos apenas admitidos às 17:45. ou seja, estivemos 6 horas e 45 pacientemente à espera. No entretanto, fomos aproveitando para conhecer outros viajantes  que também queriam transpor a fronteira:

- encontramos um grupo de 3 jovens americanos que tinham alugado uma carrinha Maz com condutor para os levar até à Mongólia.

- reencontramos os 3 andarilhos (1 francês, 2 austríacos) que tínhamos encontrado na vila anterior no café. Tinham finalmente decidido alugar um Jipe Maz com condutor para transpor a fronteira, visto que, transpor fronteiras à boleia se torna um pouco complicado.

- conhecemos também 2 famílias de polacos definitivamente fãs de todo o terreno que tinham os seus Nissans completamente apetrechados e preparados para o pior. Até uma dúzia de injectáveis de adrenalina tinham no seu frigorífico. Enfim… já diz o ditado português: “Quem vai para o mar, avia-se em terra!” Para os polacos esta viagem era uma festa, pareciam portugueses. Fizeram café para a malta, ofereciam sumos e água, mostraram-nos no mapa o belo percurso que iam fazer. Depois da Mongólia, iriam seguir para Magadan e depois voltar pela zona do Lago Baikal. Um trajecto de sonho! Iam demorar 4 meses segundo as melhores previsões.







- ainda falamos com um grupo de motards, sul-coreanos que vinham em sentido inverso. Vinham da Mongólia, iam passar pela Rússia, seguidamente Finlândia, depois Dinamarca e acabariam a viagem em beleza em Portugal. No fim desta viagem, transportariam as suas motorizadas de barco de volta para a Coreia do Sul.

(já desde o Cazaquistão que observamos esta posição peculiar de espera. Quer à espera do autocarro, quer a comer pevides, quer a fumar o cigarro, os cidadãos gostam de se colocar nesta posição cómoda (para eles!!!))

Após preenchermos 3 vezes os papéis de imigração, conseguimos finalmente acertar. No entanto, para entregar os papéis havia uma fila considerável, visto que, só existiam 2 guichets e 1 deles estava a ser utilizado para formação de uma jovem oficial russa que atraía a atenção de 3 dos seus superiores. Assim, apenas 1 oficial russo despachava efectivamente serviço no guichet do fundo. Os camionistas russos e mongóis, taxistas e ainda os utilizadores frequentes da fronteira quebravam a fila e passavam à frente. Uma atitude impunha-se. Assim, tivemos de chamar a atenção do oficial formador para o que se estava a passar. Arregalamos-lhe os olhos e dissemos “Niet”. Ele vociferou qualquer coisa que colocou em sentido os camionistas prevaricadores. Sentindo as costas quentes com as palavras proferidas pelo oficial, não hesitamos em acotovelar os camionistas que passado algum tempo voltavam a tentar furar a fila.
Conseguimos finalmente ter o documento de imigração carimbado para permitir a saída do Adamastor do território russo. Fomos então para a zona onde se trata da passagem de pessoas. Apresentamos os nossos passaportes e foi-nos oficialmente autorizada a saída do país.




Chegamos então ao último ponto de controle do lado russo da fronteira. Daquela porta para lá, atingíamos o objectivo de pisar solo mongol. Não seria bem assim, visto que entre as 2 fronteiras existem pelo menos 15 kms de “terra de ninguém”, ou seja, uma área onde nem estamos na Rússia, nem estamos na Mongólia. Foi neste limbo que fotografamos as primeiras marmotas. A estrada já era tipicamente mongol. Dissemos adeus ao alcatrão e olá à gravilha com buracos.









Ao chegar à fronteira mongol, fomos brutalmente enganados por um cambista. com a conivência passiva dos oficiais da fronteira mongol. Os 100 dólares que trocamos deveriam ser iguais a 136500 em moeda mongol, mas, apenas nos entregaram 86000. As motas passaram o primeiro ponto de controlo. Os 4x4 ficaram para trás. Logo de seguida, um oficial mongol ofereceu-se para nos trocar dólares a um rácio de 1 para 40. Dissemos não obrigado, que já tínhamos trocado. Ele ficou zangado e disse que a fronteira estava fechada, que só abriria no dia seguinte às 9 da manhã. Ficámos alarmados! Tentamos explicar que a comida estava nos 4x4 e que as pessoas das motas não teriam o que comer se nós não passássemos. Solução sugerida pelo ofical mongol: uma dádiva de 40 dólares engrandecer para o seu património pessoal. Regateamos para 30 dólares. Ele não aceitou. Pagamos os 40 dólares e passamos o primeiro posto da fronteira mongol. Sinceramente, esta situação não nos agradou. Estávamos a chegar à Mongólia, país conhecido pela sua abertura ao turismo, gente simpática e já éramos vítimas de extorsão. Como diz o ditado: “Maus princípios, bons acabamentos!” Já nos tinha dito o Gana no Cazaquistão que as piores pessoas que poderíamos encontrar no país eram os polícias e os oficiais fronteiriços. Confirmava-se também para a Mongólia.




(fuga de óleo na roda dianteira direita)



O objectivo para o dia era atingir a cidade de Olgi onde supostamente iríamos pernoitar num Ger Camp. Vários elementos estavam cansados. A organização demonstrou interesse em acampar nas montanhas apesar de sabermos estar a apenas 50 kms de Olgi. Não queriam conduzir nas estradas mongóis durante a noite. Tivemos de acatar. 


O sítio escolhido para o nosso primeiro acampamento mongol era tudo menos ameno. A noite caiu fria e foi difícil dormir com o vento a massajar as tendas durante toda a noite.



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