sábado, 3 de julho de 2010

Dia 25 – Técnicas de dissimulação

Com a cidade de Barnaul como objectivo, cientes de que lá voltaríamos a encontrar o resto do grupo, saímos do Ibis de Omsk com vontade de fazer kilómetros. Foram muitos neste dia e de alguma dificuldade. Muitas obras na estrada, muitos camiões e muitos condutores agressivos russos. Já a hora de almoço tinha passado, quando pelas 14 horas desviamos a nossa rota 4 kms para ir almoçar a uma aldeia pequena no meio da Rússia. Notava-se que a aldeia era pobre. Casas em madeira, ruas em terra, imóveis degradados. No entanto, a cantina da aldeia revelou-se uma surpresa. Apesar de já terem as cadeiras em cima das mesas quando chegamos, de já terem limpo o chão, receberam-nos sorridentes e com vontade de nos ajudar e alimentar.

A sopa era um caldo de galinha com arroz com mais gordura do que o normal, mas, muito, muito gostoso.

De seguida o “Gulaz” (Goulash) foi brilhante. Sabia a comida caseira e saudável.

A nossa escolha de sobremesa revelou-se errada. Pensamos que tínhamos escolhido algo tipo filhós ou rabanadas, mas afinal tratavam-se de pataniscas de carne.

Comemos tudo, bebemos o nosso copo de sumo e fomos pagar. Surpreendidos, pagamos os 278,48 rublos que nos solicitaram por tão gostosa refeição. Quase 5 euros por um almoço para 3 pessoas! Ficamos fãs da cantina. É pena ficar tão fora de mão!


Conduzindo em direcção a Barnaul havia uma porção de estrada com 3 faixas. No entanto, de repente, essas 3 faixas passam apenas a 1. Visto que é fisicamente impossível 2 carros ocuparem o mesmo espaço sem se danificarem, o Adamastor teve de se desviar pisando uma linha contínua. Claro que num local tão especial como este, em que 3 faixas passam a 1 estavam lá os nossos amigos polícias com uma camarazita para fazer-nos recordar este momento Kodak. Utilizando a técnica de fingir não perceber o que eles diziam, visto que eles não falavam inglês, passados uns 15 minutos fomos mandados embora. Ao início, o polícia ameaçara com 4 meses de suspensão de carta. No final, perguntou para onde íamos e desejou boa viagem. São tão carentes de atenção estes polícias russos...

Lição de vida aprendida: Sempre que sejam parados por polícias russos, finjam que são burros, que falam apenas português e sorriam muito. Sejam divertidos, façam muitos gestos. Eles gostam disso. Mas nunca, nunca riam deles ou tentem compreender o que quer que seja que eles vos digam.

Chegados a Barnaul, fomos instalar-nos no remodelado Hotel Barnaul. O Pedro ficou de mau humor com a falta de delicadeza da recepcionista e esteve prestes a ocorrer um incidente diplomático. No entanto, graças à intervenção sensata do mais ponderado elemento do grupo, o bom senso e a calma prevaleceram.

Já era tarde e tínhamos fome. Perguntamos à recepcionista se o restaurante ainda nos serviria algo quente. Ela respondeu que no 5º andar existia um restaurante aberto 24 horas. Ficamos felizes até lá chegarmos. O “restaurante” de que ela falava era na verdade uma cantina com 3 mesas onde os camionistas e junkies hospedados no hotel iam buscar a comida para levar para os quartos. Nós não íamos levar nada para os quartos. O menu estava em russo. Começamos a apontar, a fazer gestos e a tentar perceber qual dos números era o preço e qual era o peso da dose. Finalmente conseguimos pedir algo que nos saciou ligeiramente a fome para que pudéssemos dormir até ao outro dia.

Antes de dormir, voltamos a perguntar à recepção a que horas abria o pequeno almoço. Responderam-nos que o pequeno almoço era também no “restaurante” 24 horas do 5º andar e que não estava incluído nos 1400 rublos que tínhamos pago. Decidimos imediatamente que passaríamos bem sem o pequeno almoço na cantina.


Omsk - Barnaul
Kms percorridos no Dia 25 – 823 km

Kms acumulados da viagem – 10286 km

1 comentário:

  1. Pelo que tenho lido, vocÊs e a polícia não têm tido a melhor relação. Gostei do conselho.
    Beijos.

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