domingo, 4 de julho de 2010

Dia 27 - Dólares? Sei lá o que são dólares. Só falo Português!

O acordar foi difícil depois de uma noite dormida à pressa. Para facilitar, tínhamos de passar de novo na maravilhosa cafetaria verde. Assim, solicitamos ao Mike “Kuduro” o waypoint onde seria previsto estar pela hora de almoço e dissemos-lhe que nos encontraríamos lá. Fomos então tomar calmamente o nosso café com panquecas à cafetaria verde. Perdemos algum tempo.

Chegados ao Adamastor, tivemos de arrumar o seu interior e os seus conteúdos para que se tornasse habitável. Isto também nos consumiu tempo.

Ao sair da cidade, como boas "gajas" que são, a Natália e a Gina desentenderam-se. Uma dizia que era por um lado, outra dizia que era no sentido contrário… enfim, fomos seguindo a mais velha (Gina), porque a idade ainda é um posto. Indo pelo caminho que era indicado pela Gina encontramos trânsito intenso devido a uma procissão que estavam a realizar ocupando toda a largura de uma avenida com 3 faixas. Meus amigos da Igreja Ortodoxa Russa, sabemos que é Domigo, sabemos que as procissões são eventos sociais interessantes, no entanto, 2 faixas seriam perfeitamente suficientes para vós. Além disso, há quem tenha outros afazeres na vida: ir entregar uma botija de gás à casa da mãe, levar uma parturiente ao hospital, militares que vão para manobras, portugueses em expedição, etc. Respeitamos a vossa procissão, aguardando que nos anos que aí vêm, permitam que se mantenha a fluidez do trânsito, impedindo que se perca mais de 90 minutos a andar a passo de caracol atrás da procissão. No fim de contas, quem tinha razão era Natália (Borat sister!). Invertemos a marcha e atravessamos o rio em direcção a Sul.

Deixando para trás a cidade de Barnaul, na tentativa de recuperar o tempo perdido, aceleramos o coração ao Adamastor. Numa via que se parecia com uma via rápida, com 2 faixas para cada lado separadas por um separador central, íamos alegremente a 130 quando avistamos um polícia magrinho e loiro a solicitar-nos que encostássemos. Pois é, apesar das excelentes condições da estrada, os limites na Rússia mantinham-se nos 90 kms hora. Aula prática da lição aprendida há 2 dias atrás: fazermo-nos passar por turistas portugueses que apenas falam português, são engraçados, fazem muitos gestos, falam muito entre si e que tentam aplicar a técnica de falar português cada vez mais alto para ver se os russos os entendem. Não esquecer a necessária ausência de riso ou gozo. Manter a seriedade é uma exigência. Os polícias tentaram de tudo: ameaçaram com cadeia, apontavam para a velocidade registada e mostravam-nos o limite de velocidade, faziam cara de espanto, pegavam nos documentos para começar a passar a multa, aguardavam pacientemente para ver se nos chegávamos à frente com suborno. Enfim, podemos dizer que eles fizeram o melhor que podiam. Nós também fomos fazendo o melhor que podíamos, fazendo papel de burros completos, asnos perfeitos. Um ET, caído aos trambolhões de um OVNI, teria percebido que os polícias queriam uma oferenda monetária. Nós não! Mantivemos a nossa compostura até que o mesmo guarda que nos tinha mandado parar nos acompanhou à viatura, entregou-nos os nossos documentos e desejou boa viagem. Com esta brincadeira toda, acabamos por perder mais 45 minutos.

Apesar de todos estes atrasos, lá fomos chegando à região russa de Altai. Esta zona da Rússia é espiritualmente mais semelhante à Mongólia, apesar de todas as pessoas falarem russo, as vestes e os rostos já anunciam que estamos em zona de fronteira.
A região de Altai é uma zona de atracção turística para os Russos, quer pelas suas estâncias de desportos de inverno, quer pela agradável paisagem de montanha que poderá ser palco de muitos passeios e pic-nics.
 
(Carrinha Maz 4x4 com guincho Warn e pneus BF Goodrich Mud Terrain junto a mercadinhos de recordações para turistas na região de Altai.)

Barnaul - Wild Camp na região Russa de Altai

Kms percorridos no Dia 27 – 507 km

Kms acumulados da viagem – 10793 km

3 comentários:

  1. Só polícias, só polícias!! Então e o pastor??

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  2. A paciência é uma virtude muito importante. Se nesta altura ainda não tinhamos atravessado a fronteira para a Mongólia, era de todo impossível que tivessemos encontrado o Pastor Mongol!

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  3. Então a Dra farmaceurica não levou nada para a ressaca? Admira-me ou será que nem sew lembrou?!
    VocÊs vêm com uma escola de enganar polícia já com mestrado.
    Mas afinal quando encontram o dito cujo? Pensam trazê-lo de recordação?
    Beijos a tds mas especiais à minha Carochinha e SAUDADES.

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